O Bolero de Ravel
Obra do francês Maurice Ravel, escrita, encomendada para a dançarina russa, Ida Rubinstein em 1927.
É a música da França mais tocada da história.
A peça é composta em um só movimento, repetitiva e ao mesmo tempo riquíssima e é executada de forma gradual e crescente, pois retrata e relata através de sons suaves, magníficos e rompantes a saída de uma caravana, suas dificuldades e dinâmica.
Inicia com a percussão em toque baixo, leve, cadenciado, ritmado ao estilo militar, exemplificando uma marcha, onde um general é representado pelo maestro.
Logo em seguida chega a flauta graciosa, juntamente com o clarinete dando delicadeza e suavidade ao início da jornada musical.
O fagote entra magistral soberbo, esbanjando imponência, consequência e harmonia à orquestra.
Aparece agora a ajuda planejada, fundamental da harpa, que é primorosa, neste momento da execução.
A caixa já em volume mais alto, vai dando ritmo forte, cadenciado e sério ao comboio e aos músicos. É o único instrumento que não para de tocar um só instante, durante toda a exibição.
O oboé, o trompete, de novo a flauta… os sons vão se agregando a essa grandiosa marcha musical belíssima, tendo em seu comando um maestro general, que controla todo e mínimo detalhe.
E vão entrando também o trombone, os sopros, violinos… meticulosamente articulados e coordenados.
São suscitados, neste instante, mais violinos…
Outros violinos e mais sopros são convocados… o ritmo chega a ser embriagador e alucinante…
E a chegada se aproximando, tem-se as cordas tocando juntas, violas, violoncelos, flautas, flautim, oboés, clarinetes, trombone e saxofone.
É a caravana já se chegando ao seu destino e a orquestra ao final de sua apresentação.
Nesse exato momento, o espetáculo é Dantesco, primoroso, lindíssimo, fenomenal e inebriante…
O teatro está em êxtase.
É o apogeu de som, melodia, harmonia e ritmo…
Enfim, aparecem os pratos e tambores finalizando a exuberante performance orquestral.
E após dezoito minutos, o enérgico e intrépido sinal do maestro, baixando seu braço, dita com rigor, o final…
E ao tempo, como num passe de mágica, numa fração de segundo, impera o silêncio total, absoluto, irrefutável e estarrecedor…
É fascinante a alegria e o cansaço estampados no rosto suado e no cabelo desarrumado do maestro comandante e a satisfação de seus músicos.
E merecidamente, a aclamação ao som de aplauso em reconhecimento, com todos de pé, como forma de respeito e admiração, invade e inunda o enorme salão, a galeria e os camarotes.
A música fazendo milagres!
Júnior Rebouças, 07/06/2020, São José de Mipibu