O escambo e a bebedeira
O brocoió vai à rua em dia de feira
Vender os frutos da plantação
Comprar pra sua manutenção
Não pode entrar na bebedeira
Gasta tudo que apurou
Retorna de mãos vazias
Nada traz pras suas crias
Pro fiado da bodega ele voltou
Mais uma semana sem pão
Feijão branco sem mistura
Nem toicin, só rapadura
É muita humilhação
E pra ganhar um tostão
Trabalhar alugado ele vai
Sai sem olhar pra traz
Tem que voltar pro patrão
Sábado tem escambo de novo
Não vai se misturar com ninguém
Nem beber, nem dependendo de quem
Volta com alimentação do seu povo
Nunca mais quis beber
Virou outra pessoa
Na feira não fica a toa
De cachaça não quer mais saber
Júnior Rebouças, São José de Mipibu